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Há quem se lembre de Zezé Motta apenas como atriz - difícil mesmo dissociar sua figura da bela e sedutora Xica da Silva -, mas essa é apenas uma das facetas da artista. Zezé Motta é a rainha negra do Brasil. A mulher da pele preta que enfrentou a ditadura desse país livre e nua. Seu exercício de interpretar a levou para os melhores palcos, aos melhores filmes criados por aqui, aos cantos escondidos dessa terra através da televisão. Mas tem uma coisa que Zezé Motta faz ainda melhor: cantar.

 Os traços comuns entre Zezé Motta e Elizeth Cardoso vão além de serem mulheres, cantoras, negras e brasileiras. Mergulhadas em uma espécie de underground da vida musical carioca, Zezé e Elizeth emergiram com suas artes em um país marcado pelo machismo e pelo racismo. Esse universo é também característico do vivido por grandes divas do jazz: Bessie Smith, Billie Holiday, Lenna Horn. Todos esses universos estão retratados no espetáculo Divina Saudade, que será apresentado (colocar o nome do local, dia e horário).

O espetáculo é um retrato da música brasileira, sobre o samba, bossa nova e as cantoras do rádio. No primeiro ato, o cenário remete aos auditórios da Rádio Nacional, Golden Romm, Cassino da Urca e tantos outros lugares que ficaram na lembrança.

“Eu queria fazer algo novo, um trabalho que fosse um marco na minha carreira de cantriz. Um dia acordei e vi na minha estante o livro “Elizeth a Divina”, de Sérgio Cabral, que eu havia lido há um ano. Lembrei-me da emoção que foi encontrar com ela, em um show dirigido por Hermínio Bello de Carvalho, em homenagem a Herivelton Martins. Durante o ensaio conversei com Elizeth, e senti total afinidade, além de algumas coincidências, como signo, carisma, etc... Eu sabia que a Divina tinha feito uma trajetória pautada por um cuidado excepcional, com seu repertório, e que homenageá-la seria assumir a grande responsabilidade de interpretar um time de iluminados da MPB, tais como: Pixinguinha, Cartola, Baden Powell, Haroldo Barbosa, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e outros tantos. Homenagear essa diva, que muita saudade deixou, acabou virando um grande projeto em minha vida, pois com o show e o CD DIVINA SAUDADE, vou estar também homenageando as grandes divas negras de Jazz nas quais ela se inspirou”. Diz (Zezé Motta).

Considerada a Primeira Dama da Música Popular, Elizeth Cardoso é uma grande personagem. Pioneira da Bossa Nova, Elizeth começou cantando num dos principais programas da Rádio Guanabara, o Programa Suburbano, ao lado de grandes nomes, como Noel Rosa, Vicente Celestino, Araci de Almeida e Marília Batista. Seu cantar, agradou tanto Noel Rosa, que o mesmo tirou seu violão da caixa e ensinou-a cantar uma das suas últimas produções, o samba Quem Ri Melhor. Elizeth levou seu canto a muitas partes do mundo, como Costa Rica, Guatemala, Estados Unidos, Bolívia, Japão, etc. Em cada lugar que passava, emocionava plateias com sua voz.

Trata-se de um retorno ao disco Divina Saudade, trabalho de Zezé que reverenciou Elizeth. Gravado em 2000, o CD teve direção musical de Roberto Menescal e Flávio Mendes. O domínio cênico da atriz permite ao espetáculo percorrer do teatro ao show musical. A intenção é fazer um retrato da MPB, do samba e da bossa nova às cantoras do rádio. O requinte das intérpretes de jazz americanas também serve de inspiração e dá glamour à produção. Assim Zezé Motta encarna uma diva que entoa temas do samba-canção falando de dores de amores.

Zezé Motta em “Divina Saudade”

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dia 21/nov, 20h, no Galpão das Artes da Fundação Nelito Câmara
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